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Foto do escritorFilipa Melo

William Faulkner – Um Autor Por Dia



O ho­mem e a fú­ria



William Faulknert teve um único objectivo na vida: a es­cri­ta. Com ela, tor­nou­–se um pio­nei­ro da li­te­ra­tu­ra nor­te­–ame­ri­ca­na.



Es­cre­ver, aci­ma de tu­do. Es­cre­ver, nem que is­so sig­ni­fi­cas­se «per­der a hon­ra, o or­gu­lho, a se­gu­ran­ça, a fe­li­ci­da­de, tu­do». Es­cre­ver, mo­vi­do por uma es­pé­cie de «fú­ria in­sa­ne» que en­chia pá­gi­nas por uma trans­fu­são di­rec­ta do san­gue e do co­ra­ção pa­ra as pa­la­vras. Foi es­sa a úni­ca mis­são que William Cuthbert Faulk­ner es­co­lheu. Cum­priu-a, dei­xan­do uma das bi­blio­gra­fias mais notáveis da his­tó­ria da li­te­ra­tu­ra uni­ver­sal e in­ter­pre­tan­do da for­ma mais pro­fun­da e trá­gi­ca trezentos anos da sua ter­ra na­tal, o Sul dos Es­ta­dos Uni­dos, dis­se­ca­da nas suas gen­tes bran­cas e ne­gras, gló­rias e fra­cas­sos, mi­tos e des­ti­no, no seu subconsciente. No cen­te­ná­rio do nas­ci­men­to de um dos pais do mo­der­no ex­pe­ri­men­ta­lis­mo li­te­rá­rio (em 25 de Se­tem­bro de 1897, em New Al­bany, Mis­sis­sippi), re­cor­daram­–se as pa­la­vras do tio John Falk­ner, co­men­tan­do o fra­cas­so do de­sem­pe­nho do so­bri­nho co­mo em­pre­ga­do do First Na­tio­nal Bank: «Não fa­zia ab­so­lu­ta­men­te na­da: nun­ca foi mais do que um es­cri­tor.»



SOZINHO


Con­tem­po­râ­neo de John dos Pas­sos, He­min­gway, Fitz­ge­rald, Erski­ne Cal­dwell, Steinbeck ou Ja­mes Far­rell, foi com es­sa ge­ra­ção per­di­da que Faulk­ner res­ga­tou o pres­tí­gio da li­te­ra­tu­ra nor­te­–ame­ri­ca­na. Fê­–lo so­zi­nho, no si­lên­cio in­te­rior que tan­to apreciava, acei­tan­do qual­quer em­pre­go que lhe desse o di­nhei­ro ne­ces­sá­rio pa­ra sus­ten­tar a es­cri­ta (ao lon­go da vi­da, te­ve as mais di­ver­sas pro­fis­sões, da­do que, até à atri­bui­ção do Pré­mio No­bel da Literatura, em 1950, os li­vros nunca lhe ren­de­ram di­nhei­ro su­fi­cien­te pa­ra so­bre­vi­ver). Di­zia: «Se um es­cri­tor ti­ver de rou­bar a sua mãe, não he­si­ta­rá; a Ode a uma Ur­na Ne­gra [de John Keats] va­le mais do que um pu­nha­do de ve­lhas.» A escrita foi a sua única responsabilidade.


Odia­va que o ques­tio­nas­sem so­bre qual­quer as­sun­to que não fos­se es­tri­ta­men­te li­te­rá­rio. Se o fa­ziam, mentia, fu­gia, pra­gue­ja­va. William Faulk­ner sem­pre de­se­jou que de­le ape­nas fi­cas­sem os li­vros. De tal modo que, em 1953, quan­do a re­vis­ta Li­fe pu­bli­ca um ar­ti­go de duas pá­gi­nas so­bre ele, co­men­ta: «A Sué­cia deu­–me o Pré­mio No­bel. A Fran­ça deu­–me a Le­gião de Hon­ra. Tu­do o que o meu país faz por mim, é in­va­dir a mi­nha vi­da pri­va­da, ig­no­ran­do os meus pro­tes­tos.» Dois anos depois, num en­con­tro or­ga­ni­za­do pe­la edi­to­ra fran­ce­sa Galli­mard, é abor­da­do pe­los jor­na­lis­tas. Apa­vo­ra­do, re­cua um pas­so de ca­da vez que lhe fa­zem uma per­gun­ta. No fi­nal, en­cur­ra­la­do en­tre a mul­ti­dão e a pa­re­de, con­se­gue sus­ci­tar a pie­da­de dos re­pór­te­res, que o dei­xam fi­nal­men­te iso­lar­–se. Sem­pre pre­fe­riu o si­lên­cio ao ruí­do, a so­li­dão às mul­ti­dões.


Da sua vi­da pri­va­da, tal co­mo de­se­jou, fi­cou pou­co pa­ra a His­tó­ria. Sa­bem a qua­se na­da os cli­chés da fi­gu­ra que vi­ve sem­pre cri­va­da de dí­vi­das, fu­ma in­ces­san­te­men­te ca­chim­bo, ado­ra o ál­cool (que uti­li­za pa­ra con­se­guir um per­ma­nen­te es­ta­do de emo­ti­vi­da­de e hi­per­sen­si­bli­da­de), os aviões, ca­çar, an­dar a ca­va­lo e na­ve­gar no gran­de Mis­sis­sippi. Os que o co­nhe­ce­ram de per­to, revela­ram só­men­te que ti­nha uma me­mó­ria pro­di­gio­sa e era do­no de uma com­pai­xão e sen­si­bi­li­da­de úni­cas.



EM PRIVADO


Ape­nas co­nhe­ce­mos na ter­cei­ra pes­soa o re­gis­to bio­grá­fi­co de um an­da­ri­lho que sal­ti­ta de ci­da­de em ci­da­de, nun­ca aban­do­nan­do contudo o seu «con­da­do» sulista. Os seus dra­mas che­gam­–nos en­vol­tos em fu­mo. O fac­to de não se ter con­se­gui­do for­mar na es­co­la se­cun­dá­ria de Ox­ford (pa­ra on­de a fa­mí­lia se mu­dou e on­de o es­cri­tor cres­ceu) e de não ter aguen­ta­do se­não dois anos na Uni­ver­si­da­de lo­cal não o de­ve ter in­co­mo­da­do mui­to. So­freu de cer­te­za com o pri­mei­ro ca­sa­men­to da­que­la que vi­ria a ser depois a sua mu­lher, Es­telle, a ado­les­cen­te a quem de­di­cou os seus pri­mei­ros poe­mas. En­rai­ve­ceu­–se por não ter sido aceite como piloto na americana Army Air Force (por ser demasiado pequeno) e adoptou uma pose very british, chegando a incluir um «u» no seu nome de família, para conseguir entrar na Royal Air Force. Desesperou quando a Pri­mei­ra Guer­ra aca­bou «ce­do de­mais» pa­ra que pu­des­se atin­gir a gló­ria co­mo avia­dor. En­ter­rou a sua pri­mei­ra fi­lha, Ala­ba­ma, nas­ci­da pre­ma­tu­ra e fa­le­ci­da nove dias de­pois. Cho­rou e cul­pou­–se pe­la mor­te do ir­mão mais no­vo, William Dean, vi­ti­ma­do num aci­den­te en­quan­to pi­lo­ta­va o avião do es­cri­tor (comprado com a venda dos direitos do romance Santuário a Hollywood). Mas ne­nhu­ma des­tas tra­gé­dias re­ve­la o seu mun­do in­te­rior de uma for­ma tão com­ple­ta quan­to aquelas que recheiam os seus li­vros.


Des­cen­den­te de uma po­de­ro­sa fa­mí­lia su­lis­ta, ar­rui­na­da pe­la Guer­ra Ci­vil, Faulk­ner nas­ce num tem­po e nu­ma so­cie­da­de fun­da­do­res de al­guns dos mais im­por­tan­tes mi­tos psi­ca­na­lí­ti­cos da so­cie­da­de nor­te­–ame­ri­ca­na. Es­tão­–lhe no san­gue a tei­mo­sia, os có­di­gos de hon­ra, a fé, o he­roís­mo e as culpas do Sul es­cla­va­gis­ta, agrá­rio e aris­to­crá­ti­co que lu­tou até mais não po­der con­tra a su­jei­ção às po­lí­ti­cas re­pu­bli­ca­nas e abo­li­cio­nis­tas do pre­si­den­te Lin­coln. Tal co­mo su­ge­re Jor­ge de Se­na, no seu célebre pre­fá­cio para Pal­mei­ras Bra­vas  (escrito em 1960), vive «num mun­do ‘amal­di­çoa­do’ [o ad­jec­ti­vo é de Faulk­ner] pe­la es­cra­va­tu­ra mas con­tra­di­to­ria­men­te im­buí­do de vir­tu­des he­rói­cas.» Pa­ra ser gran­de co­mo os seus an­te­pas­sa­dos, res­ta­–lhe es­cre­ver e des­co­brir que, atra­vés da es­cri­ta, po­de criar to­das as per­so­na­gens do pas­sa­do e do fu­tu­ro, colocando-as no presente da sua ter­ra.



FANTASMAS


Então, me­lan­có­li­co, amar­gu­ra­do por per­ten­cer a uma ge­ra­ção pri­va­da de des­ti­no, es­cre­ve. Com John, o pai fun­da­dor da li­nha­gem dos Sar­to­ris (a família base do seu primeiro romance sobre o Sul), ini­ciou um re­li­cá­rio de me­mó­rias — a sua sal­va­ção —, con­vo­can­do fan­tas­mas e levando-os a ex­por os seus dra­mas in­te­rio­res mais pro­fun­dos. Atra­vés das com­ple­xas sa­gas dos Sar­to­ris, dos Sutpens, de Ab­sa­lão, Ab­sa­lão, dos Com­psons, de O Som e a Fú­ria, dos Sno­pes, da tri­lo­gia ini­cia­da com The Hamlet, ou dos Brundren, de As I Lay Dying, cria fa­mí­lias de per­so­na­gens que in­va­dem os li­vros, sal­tan­do de uns pa­ra os ou­tros com as suas per­di­ções. Nos romances de Faulkner, os mor­tos não que­rem mor­rer. E de­ci­dem co­mo Wil­bour­ne, no fi­nal de Pal­mei­ras Bra­vas: «En­tre a dor e o na­da, eu es­co­lho a dor.» Faulk­ner con­de­nou­–as a ser as­sim, dan­do­–lhes ape­nas uma es­ca­pa­tó­ria: «A cons­ciên­cia mo­ral do ho­mem é a mal­di­ção que ele tem de acei­tar dos deu­ses pa­ra que eles lhe dêem o di­rei­to de so­nhar.»


Nu­ma das pou­cas en­tre­vis­tas a sé­rio que con­ce­deu, à Pa­ris Re­view, em 1956, o es­cri­tor ex­pli­cou: «Com Sar­to­ris, des­co­bri que va­lia a pe­na es­cre­ver so­bre a mi­nha pró­pria ter­ra na­tal, que nun­ca vi­ve­ria o su­fi­cien­te pa­ra es­go­tá­–la e que, sub­li­man­do o real no apó­cri­fo, te­ria to­da a li­ber­da­de pa­ra em­pre­gar ao má­xi­mo o ta­len­to que ti­ves­se. Is­so abriu­–me uma mi­na de ou­ro de ou­tras pes­soas e en­tão criei um cos­mos pró­prio. Pos­so mo­ver es­sas pes­soas pa­ra a fren­te e pa­ra trás, co­mo Deus, não só no es­pa­ço, mas tam­bém no tem­po.» O ima­gi­na­do con­da­do de Yok­na­pa­tawpha, on­de si­tua a ac­ção da maio­ria dos seus ro­man­ces, per­mi­te­–lhe com­ple­tar es­te jo­go. Dá­–lhe um no­me im­pro­nun­ciá­vel (o mes­mo que os ín­dios da­vam ao rio Yo­co­na, a sul de Ox­ford) e de­cla­ra­–se «úni­co do­no e pro­prie­tá­rio» des­tes 2400 qui­ló­me­tros qua­dra­dos de fer­vi­lhan­te e com­ple­xa fic­ção.



DIFÍCIL


Ain­da ado­les­cen­te, afir­mou des­ca­ra­da­men­te: «Eu po­dia es­cre­ver uma obra co­mo Hamlet quan­do qui­ses­se.» Te­naz, dis­ci­pli­na­do no exer­cí­cio da es­cri­ta em qual­quer cir­cuns­tân­cia da sua vi­da, in­sis­tiu sem­pre na im­pos­sí­vel bus­ca da per­fei­ção le­va­da a ca­bo pe­lo ar­tis­ta e na ab­so­lu­ta ne­ces­si­da­de de cons­tan­te­men­te «ten­tar de no­vo». Na­da mais im­por­ta­va se­não a ca­pa­ci­da­de de «exer­ci­tar uma pa­ciên­cia in­fi­ni­ta e ob­ser­var os ho­mens sem nun­ca os jul­gar e sem in­to­le­rân­cia, de mo­do a cap­tar o ver­da­dei­ro mo­ti­vo das suas ac­ções».


Com­ple­xo, di­fí­cil, po­voa­do por uma ga­le­ria in­fin­da de vo­zes e personagens, o seu es­ti­lo é, se­gun­do Jor­ge de Se­na, uma «sel­va dar­de­jan­te de por­me­no­res sig­ni­fi­ca­ti­vos, fu­me­gan­te de vio­lên­cia e hu­mor ne­gro, to­da em re­cor­rên­cias pa­ra­le­lís­ti­cas e cu­mu­la­ti­vas, bor­bu­lhan­te de ri­que­za se­mân­ti­ca e sin­tác­ti­ca». No fi­nal, a re­com­pen­sa de quem ne­le se aven­tu­ra é a de ter vi­vi­do «por al­gum tem­po, atur­di­do e afli­to, na­que­le mes­mo lim­bo, qua­se ina­ces­sí­vel, de que bro­ta a vi­da e em que ra­di­cam as gran­des obras li­te­rá­rias». Cem anos após o seu nas­ci­men­to, 35 após a sua mor­te, ainda ecoa o de­se­jo de William Faulk­ner: «Gos­to de pen­sar no mun­do que criei co­mo sen­do uma es­pé­cie de pe­dra an­gu­lar do uni­ver­so; e que, por pe­que­na que ela se­ja, se fos­se re­mo­vi­da, o pró­prio uni­ver­so en­tra­ria em co­lap­so.»



Mi­nas de sal



Pa­ra Faulk­ner, Hollywood re­pre­sen­tou ape­nas duas coi­sas: di­nhei­ro e té­dio



Em 1942, os di­rei­tos de au­tor pe­los seus li­vros ren­dem­–lhe ao to­do uns ma­gros tre­zen­tos dó­la­res. No mes­mo ano, Faulk­ner as­si­na um con­tra­to de se­te anos co­mo ar­gu­men­tis­ta da War­ner Bros. Or­de­na­do se­ma­nal: tre­zen­tos dó­la­res. Não ad­mi­ra que te­nha si­do ele o es­cri­tor ame­ri­ca­no que mais tra­ba­lhou pa­ra es­sa gi­gan­tes­ca fá­bri­ca de fi­tas e de mi­tos, à qual gos­ta­va de cha­mar as suas «mi­nas de sal».


Ao to­do, par­ti­ci­pou em mais de 50 ar­gu­men­tos (sen­do im­pos­sí­vel dis­cri­mi­nar­–se a sua in­ter­ven­ção na maio­ria de­les), es­cri­tos du­ran­te os três con­tra­tos que as­si­nou com a MGM (1932-33), a 20th Cen­tury Fox (1936-37) e a War­ner (1942-44). En­tre­tan­to, exas­pe­rou os di­rec­to­res dos es­tú­dios — a um de­les dis­se des­preo­cu­pa­da­men­te que ia tra­ba­lhar «pa­ra ca­sa», fa­zen­do-o pen­sar que se re­fe­ria a Be­ver­ly Hills e en­ca­mi­nhan­do­–se an­tes pa­ra Rowan Oak, a sua fazenda a cer­ca de duas mil mi­lhas de dis­tân­cia. Sor­veu to­das as go­tas de álcool dis­po­ní­veis, mes­mo as con­ti­das em lo­ções ca­pi­la­res em­bor­ca­das nas ca­sas de ba­nho. Co­nhe­ceu o seu gran­de ami­go Howard Hawks (com quem colaborou nas obras-primas The Big Sleep e To Have and Have Not, adaptações de romances de Conrad e Hemigway). E dei­xou uma ima­gem mí­ti­ca, re­tra­ta­da pe­los ir­mãos Coen, no fil­me Bar­ton Fink (1991).


Nun­ca Hollywwod lhe sus­ci­tou mais do que es­se mes­mo des­pre­zo que o fez afir­mar, no pri­mei­ro dia de tra­ba­lho, que ape­nas lhe in­te­res­sa­va es­cre­ver as dei­xas pa­ra os no­ti­ciá­rios e para Mickey Mou­se. Pro­va dis­so é a res­pos­ta que deu a Clark Ga­ble quan­do, um dia, es­te lhe per­gun­tou se era es­cri­tor: «Sou sim, Sr. Ga­ble. E vo­cê, o que é que faz?»



Faulkner de A a Z



ÁLCOOL — Valeu-lhe alguns internamentos em clínicas de desintoxicação como a de Byhalia (no Mississippi), onde virá a morrer, vítima de trombose, após uma queda de cavalo (colete de aço)



BIOGRAFIA — A do seu amigo Joseph Blotner, publicada em 1974



BISAVÔ — William Clark Falkner (1825-1889), escocês, foi um dos primeiros povoadores europeus da região de Oxford, combateu com louvor na Guerra Civil, foi agricultor, advogado, político, autor de sucesso (com o romance The White Rose of Memphis, reeditado 36 vezes em trinta anos) e pioneiro dos caminhos de ferro, fundando a companhia da família. Faulkner sonhou um dia vir a ser como ele



DINHEIRO — Disse: «O escritor não precisa de liberdade económica. Tudo o que precisa é lápis e papel. (…) Os bons escritores não têm tempo para pensar no sucesso ou em ganhar dinheiro.»



FRASES — A mais longa que escreveu, no conto The Bear, tem 1600 palavras e ocupa seis páginas, duas delas preenchidas por um parêntesis



FAMÍLIA — Foi progressivamente perdendo glórias. O avô do escritor, John W.T. Falkner, fundou o First National Bank of Oxford, que ainda hoje continua em funcionamento. O pai trabalhou como mero funcionário da companhia de caminho de ferro que fôra da família, antes de ser comerciante e depois procurador na Universidade de Oxford



MESTRES — Entre outros, Phil Stone e Sherwood Anderson, que o impulsionaram a escrever, Dickens, Proust, Conrad, Cervantes, Flaubert, Balzac, Dostoievski, Tolstoi, Shakespeare, Melville, Keats, Shlelley e, claro, James Joyce



MULHERES — As mais importantes na sua vida são a mulher, Estelle, a filha, Jill, e as amantes, Joan Williams e Jean Stein



NEGROS — Sempre adoptou uma dúbia posição pública. Em 1956, declarou num entrevista que se bateria pelo Sul «mesmo que isso significasse descer à rua e disparar contra negros.» No entanto, reservou-lhes um espaço de eleição nos seus livros, especialmente em Desce, Moisés (dedicado à sua velha ama negra, Caroline Barr, modelo para a personagem Molly) e Intruder in the Dust



OBRAS — Soldier’s Pay (publicado em 1926), Mosquitoes (1927), Sartoris (1929) e O Som e a Fúria (1929), As I Lay Dying (escrito em 47 dias, reza a lenda que enquanto Faulkner trabalhava numa mina, publicado em 1930), Santuário (1931), Luz em Agosto (1932), Absalão, Absalão (1936), The Unvanquished (1938), Palmeiras Bravas (1939), The Hamlet (1940), Desce, Moisés (1942), Intruder in the dust (1948), Requiem for a Nun (1951), The Reivers (1962)



RECONHECIMENTO — Na América, chega apenas em 1946, com Portable Faulkner, primeira antologia da sua obra. Três anos depois, o escritor recebe o Nobel da Literatura e, em 1951, é galardoado com o National Book Award. No final da vida, é convidado como escritor residente na Universidade de Virgínia



SUL — Região devastada por uma Guerra Civil que durou quatro anos, opôs onze estados algodoeiros à União nortista e matou um milhão de homens. Personagem principal dos seus livros, assombrada por inúmeros fantasmas



YOKNAPATAWPHA — O seu condado imaginário onde situou a acção da maioria dos seus romances



NOBEL — Naquele que foi considerado o melhor discurso de sempre, referiu a importância «das velhas verdades universais — o amor e a honra e a piedade e  o orgulho e a compaixão e o sacrifício.» O sujeito da Arte é «o coração em conflito consigo mesmo», disse, aos 53 anos. 



VISÃO Nº 232/1996


© Filipa Melo (interdita reprodução integral sem autorização prévia)

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